sexta-feira, 4 de março de 2011

Terapia para todos


Terapia para todos


Nossa época é a da generalização de um mal-estar em todas as fases da vida , diagnosticado por muitos como depressão mas também como ansiedade. Busca-se a pílula da felicidade como foi denominado o Prozac por algum tempo,mas é a época também do Rivotril, anticonvulsivo, estabilizador do humor, eficaz contra o pânico, a insônia, e barato. Os médicos receitam como medicamento de primeira eleição contra a ansiedade, associado a um antidepressivo. É o coquetel mais conhecido, que quase todos os que passam pelo “estresse” tomam quando umas férias de dez dias não funcionam. As pessoas e os médicos acreditam muito em remédios, e os estressados em geral se sentem tão difíceis que hesitam diante de uma terapia.Entretanto ela é o instrumento mais eficaz para um conhecimento de si e um pouco de paz mais durável, que se incorpore à bagagem cultural e emocional da pessoa.É nítida a diferença no compertamento e na fala de quem fez ou não por um tempo psicoterapia. Ela se expandiu no Brasil no anos setenta, especialmente nas modalidades de psicanálise, gestalt e psicologia analítica. Muitas vezes a psicanálise, a mais conhecida e mais difundida destas modalidades, era uma prática médica e caracterizava o aflito pela vida como um doente mental aos olhos de leigos, mas mesmo de não leigos. Era muito cara a formação e as consultas consumiam o orçamento.A psicoterapia parecia ter caído sobre a classe média brasileira como a salvação para relacionamentos difíceis, trabalho penoso, dificuldades pessoais de toda ordem, era a primeira escolha para quem se sentia  
mal com a vida e consigo mesmo.Mia recentemente se ampliou a possibilidade de fazer formação para leigos, as consultas ficaram mais baratas e cresceu muito o número de bons profissionais e de atendidos. Perdeu-se a aura a doença mental. Não há doença, há emoções, e a relação estreita que se forma entre analisando e analisante é mais democrática e suave, diante de uma sociedade dita por muitos pós–moderna, não se sabe se pré alguma coisa. Ainda assim, para quem não pode pagar, há chances de se fazer um tratamento gratuito pelas associações psicanalíticas, ou em outras modalidades, como a logoterapia de Viktor Frankl, por valores proporcionais ao ganho dos candidatos. As universidade como a Federal do Paraná oferece asistência psicológica para alunos e funcionários, e departamento de Psicologia aceita certo número de pessoas sem ônus para estas. Também o SUS criou um programa de saúde mental que oferece assistência psiquiátrica e psicológica. É claro que mesmo com todas essas opções, sempre faltam profissionais. As clínicas conveniadas dependem muito de como se dá sua direção, e há clínicas muito boas, como a Reintegrar, em grande medida girando à volta do paciente trabalho do dr. Juvenal Shibata. Nestas clínicas há sempre muita gente, as sessões são relativamente curtas mas são regulares e ajudam muito a manter o aflito em bom nível de possibilidade de conhecer e lidar com suas dificuldades ,muito parecidas com as de todo mundo. É muito importante que esse serviço não se perca nem fique muito restrito, porque hoje cresceu por todas as classes a noção de que psicoterapia é uma eleição válida e segura. Na verdade, uma eleição também para todas as fases da vida, mesmo para crianças e idosos e não só como uma forma de integração ao trabalho ou a um casamento difícil. Wilhelm Reich trabalhou muito na Alemanha com a possibilidade de democratizar a psicanálise, com mais freqüência, creio, entre os jovens.  Mas há clínicas sufocantes pelo número de pessoas esperando atendimento, angustiadas, identificando no psicólogo uma chance de contar sua vida, examiná-la e dar-lhe mais lucidez e calor.
No fundo, tudo no Brasil é restrito mesmo em situações onde a dor exige maior atenção.

                                                                                                             Igor

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