sexta-feira, 21 de setembro de 2018

Populismo

ouvi diversas pessoas dizendo que escolherão nas próximas eleições um candidato que fuja do populismo de esquerda e do populismo de direita. gostaria de lembrar algo sobre o populismo. no Brasil ele foi uma concessão subordinada, pelo alto, de direitos e garantias sociais. graças ao populismo os trabalhadores ganharam certa organização do mercado de trabalho e certos direitos sociais, inclusive uma forma de sindicalização e de representação no governo. isto não foi um populismo de esquerda ou de direita, foi apenas populismo. o que chamamos populismo de direita se parece com o que temos nos Estados Unidos hoje no governo Trump, uma manipulação de insatisfações populares sobre o emprego e a renda, entre outros, atribuindo as causas a imigração e ao Nafta, ou ao comércio desfavorável com países como a China. este é de direita na medida em que se baseia na deflagração de rancores num momento histórico de progressiva perda de vitalidade econômica do País, sem perceber raízes mais sólidas que expliquem os problemas das camadas mais pobres, como a prevalência dos interesses rentistas e financeiros. traduz-se num governo inepto, detestado pelos próprios auxiliares mais próximos da presidência, cujo diálogo sóbrio é inexistente. no Brasil não temos um populismo de esquerda. temos sim posições próximas a uma moderada socialdemocracia, que levanta as consignas democráticas tradicionais em torno da igualdade e da equidade social, da reforma das políticas públicas voltadas para o crescimento e a distribuição de renda, o deslindar da crise fiscal e financeira do Estado, a educação como fulcro para a mobilidade social e a cidadania. aí vemos Ciro e Haddad, pouca distinção há entre eles, exceto o peso político desse gênio do povo que é Lula, como o chamou Maria da Conceição Tavares. o populismo de direita, por sua vez, traduz-se apenas no incitamento ao preconceito e ao ódio de classe e de identidades, apoiando-se modestamente na famosa corrupção de Lula ou do PT, nunca provada, ou num liberalismo tacanho baseado na “ineficiências” das empresas estatais. o resultado é que a sociedade brasileira se torna vítima de um racha, com apelos da direita à violência em vários níveis. não há o que fazer nesse cenário. o que seria aí um candidato de centro? é apenas um candidato de direita que evita passar a vergonha que os mais extremistas não tem medo de passar.

                                                  Igor Zanoni

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