Há quem seja juiz severo
De si mesmo
Sem perceber quão pouco
Pode dominar sua vida
Quão pequeno é o livre-arbítrio
Como estamos cercados
Em um mundo injusto e difícil
O que mais podemos fazer
Por nós mesmos?
Como ampliar nossa escassa
Liberdade?
Como alcançar paz
E real justiça?
Mistério...
Igor Zanoni
Meus filhos se lembram das estórias
Que líamos à noite
Pensam que elas os ajudaram
A gostar de ler e de estudar
Quando tocam no assunto são felizes
São gratas a seu pai
Eu também gostava das estórias
E da companhia das crianças
Mas ao mesmo tempo
Lidar com a vida era um problema
É como se em uma família
Houvesse diversas famílias
Cuidando cada uma ao seu modo
Da sua felicidade
Igor Zanoni
Posso de uma hora para outra
Perder meu equilíbrio
Não conseguir depois me ordenar
A palavra é esta desordenado
As relações com quem está perto
Se turvam
As palavras somem
Os atos as iniciativas
Tornam-se inseguros
Perco-me em mim
Ignoro quanto tempo
Há de durar esse estado
De solidão e desassossego
Igor Zanoni
O tempo não abole o carinho
Posso olhar sem a menor pressa
As marcas do seu rosto
Seus movimentos mais lentos
E me invade uma melancolia enorme
Por ela por mim
Por nossa cumplicidade antiga
Amiga mão espero que o tempo
Te leve de repente
Espero que sejas eterna
Doce como sempre
Como um pacotinho de uvas passas
Igor Zanoni
