quinta-feira, 13 de dezembro de 2018

Mãos dadas


o que significamos um para o outro
á claro para nós
nossa relação é forte
não importa se o tempo passa ou não
estivemos próximos desde que nos lembramos
vencemos o mau humor
enraizado em inúmeras paixões
e estivemos juntos
as mãos dadas
o sorriso bem disposto
nós nos amamos como pudemos ou mais
e a vida foi sempre parceira
das mortes cotidianas
a suavidade da tarde
os tempos que cedem lugar a outros
 os pássaros que partem do telhado
como nós partimos
não para muito longe
jamais para dizer adeus

                                                                Igor Zanoni

quarta-feira, 12 de dezembro de 2018

Pontas dos dedos


o que esqueci
lembram as pontas de meus dedos
elas tiram o botão de sua casa
desfazem o nó
não é preciso pensar demais
os dias calmos seguem na sabedoria
dos dedos
na memória do corpo
sereno vou desfazendo embrulhos
sem antecipar o que trazem
aceito o costume antigo
e o amor que não perco
mas guardo nas mãos que tocam
a sensibilidade cotidiana

                                                                                 Igor Zanoni

terça-feira, 11 de dezembro de 2018

Passagem para a rosa

 
quando uma rosa floresce
despede-se do mundo
nem Salomão em toda a sua glória
vestiu-se como uma rosa
entretanto se despede
breve o jardim irá se preparar
para outras flores e outras rosas
e os insetos e pássaros continuarão
sua azáfama de sempre
mas para a rosa no auge de sua cor
da armação plena de sua pétalas
o tempo escoa como a gota de orvalho 
apanhem-me em meu vigoroso viço
coloquem-me no cabelo
antes que eu feneça
adeus para sempre é tarde
o mundo que vi coube neste exíguo jardim
e os olhos que vi são os seus
que como eu passarão um dia

                                                               Igor Zanoni

segunda-feira, 10 de dezembro de 2018

Ciclo


quando tudo vai bem
o trabalhador volta para descansar
à tardinha em sua casa
o sol nasce sobre a cidade
quando o sono passa
e o ciclo recomeça
quando findamos
bendito o rio que retorna ao mar

                                                    Igor Zanoni

domingo, 9 de dezembro de 2018

Folha de erva


por que a inquietude
a impaciência
saber o que acontece exige deixar
que o rio siga viagem
sem correr atrás dele
o que me retém nesta paisagem
a vontade de consertar a vida
como se fosse um sapato estragado
mas a vida vai bem
quando nada seguro nas mãos
então é mais necessário largar
quem sou eu que me prendo
nesta passagem fugaz?
olho para a vida e a vida vive
por mim e por cada folha de erva

                                                                Igor Zanoni