A bailarina saltita
Na ponta das suas sapatilhas
Ela dança Giselle
Que é um bailado longo e cansativo
Enquanto ela dança
Não se percebe o esforço
De seu corpo bonito e pequeno
Pois está toda concentrada
Em seu íntimo natural
E equilibrado
Como se dançasse mesmo
No céu
Igor Zanoni
Há poemas que falam do tigre
De sua pelagem amarela
Raiada de negro
Do fascínio do homem
Frente à fera
Meus poemas são mais banais
E cotidianos
Não falam de nada tão perigoso
Mas em meio ao dia a dia
Súbito me espreita o medo
A insônia
O olho do tigre
Igor Zanoni
Naquele tempo
Havia exame de admissão
E se consertava sapato
Com meia sola
Sapato novo era tão raro
Quanto se fazer ginásio
Mesmo uma sola inteira era cara
Uma escola pública então
Nem se fala!
Igor Zanoni
