Vivendo no Castelo
Eu me confundia com Campinas
Cresci entre os corredores
Do um tanto antiquado Culto à Ciência
De tanto ler sonetos portugueses
Fiz-me um pouco luso
E amante dos versos crepusculares
De Guilherme de Almeida
A cidade era pequena
Modesta
Mas para mim era um mundo
E um pouco do mundo deixei
Quando a deixei
Para ganhar a vida
E tanto perder a alma
Igor Zanoni
Mamãe costurava para os filhos
Cansada da cozinha
Perguntava para mim
O que fazer de almoço
Deixava a casa um brinco
Sempre sem empregada
Às vezes ralhava:
Deixe de gatimonhas!
Eu não entendia a palavra
Mas acho que obedecia
Porque era muito obediente
Igor Zanoni
Nossa querida Lua
Dista trezentos mil quilômetros de nós
A Rússia tem cerca de dezessete milhões de quilômetros quadrados
Na China vivem cerca de um bilhão e meio de chineses
Estes valores são demasiados
Para minha modesta vida tão cotidiana
Igor Zanoni
