o trabalho não pertence
à nossa vontade a nosso amor
exterior a nós a ele somos obrigados
pela nossa extrema condição
os dias são longos os anos são longos
e antes que possamos voltar a viver
a vida que nos pertença
somos velhos e nossa força se foi
ao trabalho somos obrigados
sem que a ele tenhamos direito
somos pedintes na obscuridade
de uma máquina infernal
quando nos querem
antes de saber se somos convenientes
à vontade e necessidade
da máquina somos obrigados
a currículos impecáveis
sessões de entrevistas e dinâmicas
até que por desígnios ignorados
sejamos escolhidos para uma vida precária
da qual podemos ser expulsos
sem necessidade de explicações
por quem por algum tempo
nos usou como material
para o opaco e incerto
maquinismo do
mundo
Igor
Zanoni
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