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nos recitais de poesia havia as grandes declamadoras
sempre ao final podíamos esperar os versos de José
Régio
“não sei para onde vou, não sei para onde vou, sei que
não vou por aqui”
e os braços se faziam asas a voz ganhava alturas e
semitons
anfractuosidades penhascos
e sonhávamos
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no ginásio e no colegial do Culto à Ciência
tínhamos cursos de literatura separados
dos de português
estudávamos grandes coleções de autores
brasileiros e portugueses
li ao menos algumas páginas dos considerados
então mais importantes
Camões Antero de Quental Herculano Eça
Casimiro de Abreu José de Alencar Fagundes Varela
os simbolistas e os modernistas
bem mais tarde na Unicamp uma professora
resumiu minha cultura:
“você foi bem alfabetizado”
Igor Zanoni
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