as persianas de madeira da janela
como hoje já não se usam
eram verdes e se abriam
para as floreiras de pedra
cheias de gerânio aveludado
com suas flores rubras que eu amava
a casa tinha uma grade baixa
em frente um espaço com violetas miúdas
um cróton folhagens rosas
aos poucos tudo deu lugar a ladrilhos
as floreiras sumiram diante
de novas
janelas metálicas
a casa toda era sempre reformada
e as grades agora altas
se abriam com um motor elétrico
um pé de pitanga ao lado da casa
papai cortou depois do mamoeiro
viver ali ficou mais prático
lavável com uma mangueira
minha relação com o que a casa possuía
de bairro de coisa antiga
se perdeu com uma raiva das mudanças
e me guardei feroz dentro de mim
entre pitangas imaginárias
e gerânios de sonho
Igor Zanoni
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