sabemos que o momento central da celebração cristã é a
santa ceia. nesse momento decidimos formar todos os presentes uma comunidade
específica, que assume partilhar com Cristo sua vida, mesmo dolorosa, e sua
vocação, a salvação dos homens e mulheres na justiça, na paz e no bem comum.
neste momento, a comunidade é um tanto ilusória. estamos todos cercados pela
liturgia, as velhas histórias, os cantos, o dobrar os joelhos, o tempo separado
da cerimônia. mais tarde isso se diluirá na vida de todos os dias, não completamente,
mas se diluirá. estaremos mais divididos entre os que encontramos, ou com os
quais vivemos, aqueles que conhecemos por ouvir falar. seremos capazes de pecar
e fazer o mal que tanto desejamos evitar, inclusive porque não compreendemos
bem o que é o mal e como se distingue do bem. mas no momento da celebração e da
comunhão estamos imantados. eu gosto de participar da ceia, na minha igreja ou
em qualquer uma que eu esteja visitando. olhando para todos reunidos, eu me
sinto membro de uma comunidade capaz de partilhar pelo menos alguns momentos de
seu destino. esse momento deveria se transformar em todos os momentos, toda a
vida. mas isso é impossível.
Igor
Zanoni
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