Dois pombos andam ao meu lado
Na calçada do bairro
Esses pássaros um dia representaram
O divino Espírito Santo
Hoje são habitantes sujos & pobres
Da metrópole
Passageiros da vida como tantos
Sequer se encontram muitos pombos
Imaculados & brancos
Eles têm as cores manchadas
De muitos cruzamentos
Assemelham-se aos cães vadios
Talvez mesmo a ratos do asfalto
Andamos por um tempo juntos
Eles sacudindo seu corpo
Movendo-os para trás e para frente
Depois sumiram em um voo
Curto e sem beleza
Lembram-se dos pombos
De Raimundo Correia?
Em nada meus pombos a eles
Se assemelham
Levam adiante comunitariamente
Suas doenças
E se reproduzem em meio a um povo
Que mal os enxerga
Porque nada neles mais é belo
Ou poético
Igor Zanoni
Nenhum comentário:
Postar um comentário