terça-feira, 3 de dezembro de 2024

Patriarcas


Ninguém ama mais um filho

Que outro

Mas há um com o qual

Se tem mais afinidade

Ele parece mais que um filho

Um amigo dileto

Desses com o qual existe

Uma fiel correspondência

Isso não é mau nem estranho

Nós também somos mais

Ou menos próximos

Para cada filho

Assim são até as estórias

Dos antigos patriarcas

 

                                                            Igor Zanoni 

As guerras eternas


 Poderosos já idosos esqueceram

Que sua vida logo vai terminar

Dedicam-se a guerras

A ameaçar países e povos

Nunca as guerras eternas foram

Tão comuns

Nunca crianças mulheres

E jovens na flor da idade

Morreram tão precocemente

Um novo conflito mundial

Bate às portas

Atentados são tramados

A paz é uma palavra esquecida

Guimarães Rosa escreveu

Que viver é perigoso

Mas não chegou a imaginar

Nosso mundo

Eu não gosto de armas

Nem de poderosos que procuram

Armar seus jovens exércitos

Mas de que vale minha repugnância?

Não vale nada

Eu apenas espero que a lucidez

Um dia brilhe sobre todos

 

                                              Igor Zanoni   

domingo, 1 de dezembro de 2024

Dezembro


Dezembro

Enfim estamos deixando

Este ano terrível

Com várias pendências

Para o próximo ano

A igreja lança ao ar

O som de seu sino

Que não sei se é só

Uma gravação

Fui poucas vezes à missa

Não senti nenhuma falta

Uma sombra paira

Sobre o mundo

Ameaças de atentados

Nuvens de explosões

A miséria de todos os dias

Esperemos os próximos dias

E anos

Nada vai mudar

Nada

Jamais

 

                                                                     Igor Zanoni