sábado, 7 de junho de 2025

A alegria


Quando a maior porção de nossa vida

É a melancolia

E sentimos vontade de, como a Mafalda,

Colocar ataduras no mundo

Nossa percepção do sagrado se dilui

Para este é preciso haver certa alegria

Certa segurança

Desejamos abandonar a apreensão

Sorrir como os palhaços

E os golfinhos

Ver o sagrado na flora

Nas rosas

Bem como nos pássaros que nos cercam

Nos parques de Curitiba

Há tantas pessoas em volta

Que não nos façam mal

Há tantas moças bonitas

É preciso apreender seu sorriso

Que dura um minuto inesquecível

Aí reside a beleza das criaturas do Senhor

 

                                                            Igor Zanoni 

sexta-feira, 6 de junho de 2025

Quando os filhos crescem


Quando os filhos se tornam adultos

Mas ainda não nos sentimos velhos

A proximidade entre nós aumenta

A conversa é mais madura

A sua dependência de nós se reduz

Podemos nos ver como pais e amigos

Ou filhos e amigos

Esse talvez seja o melhor período

Da paternidade

Combinamos passeios almoços

Somos todos mais independentes

Mas ainda muito próximos

Nunca nosso carinho foi tão claro

 

                                                            Igor Zanoni 

quinta-feira, 5 de junho de 2025

Clarete


Mesmo aos amores não correspondidos

Deve-se ser agradecido

Eles nos lembram de que somos vivos

E a vida não é uma festa permanente

Nosso coração tem inúmeras salas

Onde festejar e chorar

Os meandros de nosso coração

Sempre surpreendem

E às vezes são duros e difíceis

Paciência brindemos ao que vem

Quando a desilusão espreita

Lembremos Era uma ilusão

Escolhamos uma nova garrafa de clarete

 

                                                        Igor Zanoni 

quarta-feira, 4 de junho de 2025

Pão


Esta refeição que agora tomo

Chamo simbolicamente pão

Peço ao Senhor que nos dê

O pão que comeremos amanhã

Quando Ele vier de novo

 

                                                  Igor Zanoni 

terça-feira, 3 de junho de 2025

Vidamorte


É claro que não se passa incólume

Pela vida

Ela é a história das nossas vicissitudes

Mesmo que não sejam sempre conscientes

Podem se esconder na carne

Algo acontece e seus desdobramentos

Podem ser imediatos ou levar anos

Para se manifestar

Temos nossa porção de alegria

E de sofrimento

Nem sempre na mesma proporção

De qualquer forma vivemos agora

Do que antes vivemos

E disto morreremos

Que a vida contém a morte

Para cada um de uma certa maneira

 

                                                                  Igor Zanoni 

segunda-feira, 2 de junho de 2025

Incompatibilidade de gênios


Eu e o pároco somos muito diferentes

Ele não conhece meus desejos

Nunca foi a um psicólogo

E sua devoção é toda para a Mãe da Igreja

Eu não entendo seus sermões

Nem ele minhas confissões

 

                                              Igor Zanoni 

domingo, 1 de junho de 2025

Homem do tempo


O homem do tempo nunca anuncia

Uma primavera de luz que dure eternamente

E que faça meu coração serenar

Anuncia o que sabemos o tempo vário

Sol chuva frentes frias em sucessão

Primaveras amarelas do pólen dos arbustos

O homem do tempo ocupa um pequeno espaço

No jornal

Entre notícias políticas e de acidentes

Nada que eu tolere muito bem

Notícias inúteis neste mundo tosco

Homem do tempo você parece

Um comercial de guarda-chuva ou de sabão

Para mim nada de valor

Nem você nem o jornal nem a tevê

 

                                                                  Igor Zanoni