domingo, 29 de outubro de 2017

Rio cotidiano


quero chorar sobre o mundo
gotas de chuva que lavem
sua fuligem de tristeza
abandono solidão
um pianista com suas mãos precisas
há de criar esse cristal
cascata limpa sobre pedras
lavando seu limo
de uma antiga miséria
quero com minhas lágrimas
abolir essa miséria
que me perguntem por que choro
não por angústia
por um desejo antigo
que as pedras trazem
de se aproximarem
formarem montes e paisagens
não o rio cotidiano que já não corre
de tristeza abandono e solidão


                                                                           Igor Zanoni

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