na estória a cidade é muito pequena e pobre, com uma
grande legião de mendigos vivendo de pequenos furtos e outros expedientes e
algumas pessoas mais bem situadas, como o pai do pequeno Vássia, que é juiz. os
mendigos em parte vivem no castelo semidestruído que há na ilha em meio ao
pântano, em parte nas ruas, como podem. alguns, como os irmãos Valek e
Marússia, vivem em um esconderijo com adultos que os protegem, também muito
pobres, perto da igreja também semidestruída ao lado do cemitério de tumbas
semiabertas. essa gente pobre é considerada “má companhia”, e é nela que Vássia
encontra os irmãos que toma como amigos. a cidade é uma das muitas pequenas
localidades entre a antiga Polônia e a Rússia, seus personagens são judeus,
poloneses, ucranianos, vivendo da mão para a boca. aí transcorre “Em má
companhia”, de Wladimir Korolenko (1853-1921), livro de uma densidade poética
singular, tanto por sua trama de aventuras infantis, centrada nas relações
entre os garotos ema localidade semi medieval, quanto por sua linguagem. seu
vocabulário é singular e o livro se concentra em palavras como madressilvas,
cerejeiras, lilases, verdura, capela, lápides, musgo, sussurro, pátio, neblina,
centelha,, vida, dando conta de uma vida há muito perdida, mas não nas
histórias que assim nos ficaram, limpas, calorosas, de um mundo que não
voltaremos a conhecer senão por elas.
Igor Zanoni