quando eu era moleque meus amigos e assumidos meninos
de rua conheciam os passarinhos pelo canto. sabiam prender em alçapões e visgo
de jaca e colocar em gaiolas os canários e com um estilingue matar pardais, que
detestavam, acho que por um tempo em que eles destruíam plantações que já não
havia naquela Campinas que se urbanizava rápido. matavam, limpavam e comiam,
fritos em uma frigideira. também no seu tempo os içás com sua bunda gorda iam
para a frigideira, não me lembro como eram caçados mas lembro de nuvens de içás
nas ruas. vida de menino e de moleque. eu mais espiava que participava, não
conhecia seus palavrões nem sabia jogar bola como eles. mas fazia o possível
para manter uma distância adequada entre a vigilância dos meus pais e a
admiração por aquela corja.
Igor Zanoni
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