sábado, 25 de novembro de 2017

Corja



quando eu era moleque meus amigos e assumidos meninos de rua conheciam os passarinhos pelo canto. sabiam prender em alçapões e visgo de jaca e colocar em gaiolas os canários e com um estilingue matar pardais, que detestavam, acho que por um tempo em que eles destruíam plantações que já não havia naquela Campinas que se urbanizava rápido. matavam, limpavam e comiam, fritos em uma frigideira. também no seu tempo os içás com sua bunda gorda iam para a frigideira, não me lembro como eram caçados mas lembro de nuvens de içás nas ruas. vida de menino e de moleque. eu mais espiava que participava, não conhecia seus palavrões nem sabia jogar bola como eles. mas fazia o possível para manter uma distância adequada entre a vigilância dos meus pais e a admiração por aquela corja.


                                                                         Igor Zanoni  

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