muitos de nós se sentem como pessoas religiosas. a
religiosidade não precisa nem deve ser racional, mas não podemos ser
anacrônicos e distantes de nós mesmos, de nossa interioridade. ouvimos, por exemplo, que Cristo morreu na cruz para
nos salvar da morte a que nos condenou o pecado. é difícil entender bem o
conceito de pecado, mas digamos que seja uma transgressão contra a lei de Deus,
isto é, contra uma lei de amor a Deus e ao próximo. como a morte de Jesus nos
livrou dessa transgressão? segundo o relato de sua vida, como um sacrifício,
semelhante aos praticados desde tempos imemoriais pelas civilizações. Cristo
foi uma vítima expiatória. mas por que Deus precisou condenar seu Filho a essa
morte, e morte de cruz? Ele deve ser um Deus cruel e terrível, como tantos da
mais alta antiguidade, mas Cristo nos falou de um Deus de amor: Deus é amor.
amor pelos homens, que exigiu o sacrifício de seu Filho. esse Deus me parece
uma figura ambígua, entre o mais antigo passado e o nosso mundo. Paulo nos fala
que por Adão o pecado entrou no mundo, e com ele a morte, mas Cristo nos livra
do pecado e da morte que é o salário do pecado. é claro que não se pode mais
pensar em Adão, como o pecado entrou no mundo? houve um tempo paradisíaco sem
pecado do qual o homem saiu por sua vontade desobediente? é claro que uma vida
amorosa pode nos ser gratificante e plena, mas podemos crer na vida eterna?
podemos crer na ressurreição dos mortos? as histórias bíblicas são mitos e
parábolas, não podem nos levar a posições muito fundamentalistas e biblicistas,
mas podem nos levar a repensar nossos valores e aceitar valores como os que
Jesus encarnou, de amor e doação. a mim cansa tantos pastores e padres
insistiram no sangue de Cristo e no seu sacrifício redentor. Cristo pertence em
muito a nosso tempo, mas muito de tudo pertence a um Jesus que viveu outro
tempo e outra linguagem, que não pode ser a nossa. pelo menos não pode ser a
minha.
Igor
Zanoni
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