penso que no meu sonho ela possuía uma realidade mais
acentuada que a do cotidiano, pois o sonho é feito de amor e de desejo, de
cuidado. é certo que há sonhos ruins, os pesadelos, mas também estes são feitos
de amor, confundido, penoso, inacessível, em que o não poder envolve o poder.
mas nesse meu sonho ela possuía uma aura específica, luminosa e calma, jorrava
dela uma atração maior que a da sua presença anterior, cotidiana, quando podia
estar com ela face a face, como um anel de muitas estrelas. sim, porque havia o
que não pode deixar de ser, antes o imorredouro, o perene, e isso me fazia dono
de uma sensação suave e contundente quase que do sagrado. ela ainda vive, não
cessa de viver, a morte é uma passagem para nosso mais acalentado destino, o de
residir nesta comunhão entre o que há e o que não pode deixar de haver.
Igor Zanoni
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