sexta-feira, 1 de outubro de 2021

Finitude

Eu dou adeus a tanto na vida

Desapercebido de que passo

De que não sou eterno

Mas algo em mim me cobra

Esse modo ilusório de viver

Em sonhos em melancolia

Eu sou aquisitivo e desejo

Mas ao mesmo tempo não posso

Ser essa máquina de desejos

Porque não sou máquina

E como os ecossistemas do planeta

Algo em mim se gasta e cessa

Em meu pequeno sistema

De sentimentos e prazeres

Finito e escasso

Ora me detém a brutalidade

Do mundo

Ora o tempo muda

O tempo interior

E já não nascem jardins

Nem cai a chuva

Não posso sustentar para sempre

Uma vida que quer sempre

Ir além

Nem dizer ao que se vai

Fique para sempre comigo

 

                                                        Igor Zanoni

 

 

 

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