segunda-feira, 29 de novembro de 2021

Face

O mais misterioso nos meus sonhos

Não são os seus enredos

Ainda que às vezes me angustiem

Mas eu ser sempre assim tão eu mesmo

Mesmo se sonho com meu pai

Ou com amigos e filhos

Sou sempre assim esse homem por igual

Que vive sua vida com seus dilemas

A mesma vida que passa

Ou pela qual vou passando

Sempre a mesma sempre

O homem de idade inalterada

Ainda que a vida mude com o tempo

Sou este homem e me custa entender

Como não envelhece minha alma

Nem minha carne de sonho

Sou por acaso uma arquitetura fixa?

Um pertencimento ao meu eu

Tão junto a mim

Arrepanho com minhas mãos

Como se brincasse com as águas de um rio

Que ao contrário do que pensava Heráclito

Nunca mudam

São a minha face tão antiga e tão nova

A minha face que tão bem conheço

 

                                                              Igor Zanoni

 

 

sábado, 27 de novembro de 2021

A luta pela vida

Viver murmúrio incessante

Rio que pergunta

Pelo seu caminho

Segue por ele volta

Refaz seu leito

No ritmo diário

Do que não tem remédio

Mas não se perde tanto assim

Guerras surdas inquietude

Raro abrir-se um tempo

De paz e prazer

Assim vou assim me faço

Baixa turbulência

Luta pela vida?

 

                                                       Igor Zanoni

 

quarta-feira, 24 de novembro de 2021

Suave

Ela é toda curvilínea

Não se pode encontrar

Sequer um ângulo em seu corpo

Todo ele foi feito

Em formas arredondadas

Seu rosto suas coxas seios

Cada parte semelhante à outra

Eu penso se poderia conversar

Mas estou antes impactado

Por essas formas tão homogêneas

Não decido se ela é bela

Antes peculiar

E seu sorriso se mostra na boca

Redonda

Como poderia deixar de saciar

Meus olhos

Nesses montes suaves

De que toda ela se faz

Um pouco excessivamente

Tão ela mesma sobretudo

 

                                                       Igor Zanoni