A Boa Terra é um épico de Pearl S. Buck publicado originalmente em 1931, quando a autora ainda vivia na China, país para onde foi após casar-se em 1917 com um agrônomo e missionário e de onde só voltou em 1935 com o clima de guerra. Vários temas se enlaçam-no livro, mas o mais importante é o amor de Wang Lung, um modesto lavrador, por sua terra. A terra é pouca, ele possui um boi e um arado, além de instrumentos para preparar o trigo e o arroz, mas é jovem e trabalha incansavelmente, e conta em casa com sua esposa, O-lan, que o auxilia também no campo. Ela fora escrava de uma família rica e lá Wang Lung a encontra e pede em casamento. O-lan não é bonita mas reúne várias qualidade: é forte, trabalhadora, discreta, paciente. Algumas vezes a terra não abriga bem a família, como quando uma seca torna proibitivo o cultivo e eles precisam viajar para o sul encontrar outros e precários meios de vida, como mendigar ou puxar jinriquixá. Mas a guerra civil chega até lá, fechando esses meios de vida, e Wang Lung e O-lan voltam para sua terra. O importante aí é a saudade de Wang Lung de sua terra, que nunca o deixa. Depois de voltarem inúmeros transtornos os assaltam, como cheias e a passagem de soldados. A família suporta as dificuldades, cresce com os filhos que vêm, e Wang Lung se empenha em fazer enriquecer com seus negócios, comprando aos poucos novos terrenos e emprestando a juros. Depois de certo tempo Wang Lung se alça à posição de proprietário de terras, não mais o rude campônio que era. A situação familiar se torna mais complexa pois Wang Lung deseja uma nova mulher, que traz para casa, e deixa O-lan em segundo plano. O pai de Wang Lung morre, depois O-lan, os filhos tomam novos caminhos, como o mais velho que se torna estudante e já não deseja a vida da terra. Com a riqueza Wang Lung se transfere para a cidade e sua situação familiar se torna mais complexa e difícil. A terra fica em plano secundário, mas ao envelhecer ele ainda se sente saudoso e retorna ao antigo lar, na companhia de uma jovem que conhece na casa grande da cidade. Vários temas se entrelaçam, com a situação subordinada da mulher, a expectativa da guerra, os novos ideais dos filhos e outros, mas o principal e o amor do antigo lavrador pela terra, que se vê ameaçado quando sente que os filhos, com outros afazeres, querem vender seus terrenos após sua morte. O romance ainda é interessante porque grande parte da população chinesa ainda vive no campo e o tema da terra foi sempre crucial na história do país.
Igor Zanoni
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