“Habitante irreal”
(Rio de Janeiro, Objetiva, 2011), do gaúcho Paulo Scott, é um livro denso e
complexo tratando dos anos que se sucederam à abertura política no Brasil. Um
dos personagens centrais é Paulo, ex-militante trotskista ligado ao Partido dos
Trabalhadores que por volta de 1989 se desilude com os rumos que seu partido
tomou. Ele tem dificuldades em manter relacionamentos estáveis e o trabalho em
um escritório de advocacia o oprime. Ao voltar de um encontro político no
interior do Rio Grande do Sul, Paulo se depara com uma jovem indiazinha (Maína)
à beira da estrada, com jornais e revistas apertados contra o peito como se
esperasse algo sob a forte chuva que cai. Paulo lhe dá carona e sua vida ganha
novos contornos. Envolve-se com a moça, acaba tendo um filho, Deodato. A partir
daí, a questão indígena passa a ser um dos pontos centrais do romance. Os
desastres se sucedem, Paulo se refugia em Londres, Maína se mata e Deodato se
torna um militante singular da causa indígena, buscando por meio do teatro de
rua um protesto contra os burocratas que trabalham com os índios e procurando
uma forma de restaurar o universo primevo e singular dos mesmos. Paulo Scott
nasceu em 1966 , seu livro ganhou o Prêmio Machado de Assis de melhor romance e
é um dos melhores escritores brasileiros da atualidade.
Igor Zanoni
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