quinta-feira, 13 de março de 2025

"Habitante irreal", de Paulo Scott


“Habitante irreal” (Rio de Janeiro, Objetiva, 2011), do gaúcho Paulo Scott, é um livro denso e complexo tratando dos anos que se sucederam à abertura política no Brasil. Um dos personagens centrais é Paulo, ex-militante trotskista ligado ao Partido dos Trabalhadores que por volta de 1989 se desilude com os rumos que seu partido tomou. Ele tem dificuldades em manter relacionamentos estáveis e o trabalho em um escritório de advocacia o oprime. Ao voltar de um encontro político no interior do Rio Grande do Sul, Paulo se depara com uma jovem indiazinha (Maína) à beira da estrada, com jornais e revistas apertados contra o peito como se esperasse algo sob a forte chuva que cai. Paulo lhe dá carona e sua vida ganha novos contornos. Envolve-se com a moça, acaba tendo um filho, Deodato. A partir daí, a questão indígena passa a ser um dos pontos centrais do romance. Os desastres se sucedem, Paulo se refugia em Londres, Maína se mata e Deodato se torna um militante singular da causa indígena, buscando por meio do teatro de rua um protesto contra os burocratas que trabalham com os índios e procurando uma forma de restaurar o universo primevo e singular dos mesmos. Paulo Scott nasceu em 1966 , seu livro ganhou o Prêmio Machado de Assis de melhor romance e é um dos melhores escritores brasileiros da atualidade.

 

                                                     Igor Zanoni 

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