terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Manhã


Manhã

quando as máquinas começaram a trabalhar
com seus homens parecendo pequeninos nas cabines
o ruído dos motores
 das placas de asfalto velho arrancadas
e substituídas por novo pavimento
minha casa tremia com o peso e o arfar dos motores
eu não pude ler em paz
o trabalho na rua suspendia a rotina calma das manhãs
indicando que o mundo tem sim sua rotina
aplainando o caminho dos automóveis
consignando rubricas para transporte na prefeitura
um mundo se movendo com suas vértebras desajeitadas
mas inflexíveis
muito além de nosso pensamento
sem comentários engolfando a manhã
nos caminhos que posso entender
mas que é tão alheio e ao mesmo tempo próximo e distante
e tão disforme
                                                             Igor Zanoni

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