domingo, 8 de setembro de 2013

Macrobiótica


nos anos setenta, a nova classe média brasileira importou diversas novidades culturais. Uma delas foi a formação de psicanalistas e de terapeutas Gestalt. na então pequena Campinas
essa foi a época da minha graduação, no também então pequeno departamento de economia da Unicamp. alguns começaram a fazer análise, outros a estudar Freud tornando-se inclusive psicanalistas, mesmo sem deixar necessariamente a economia. eu comecei a fazer Gestalt em um grupo formado por um chileno que pelo Brasil circulou. mas não obtive muitos resultados e passei com amigos à outra novidade, a culinária macrobiótica zen, desenvolvida por Tomio Kikuchi aqui e originariamente por George Oshawa no Japão. eu e Flávio Blois Duarte, excelente aluno, calmo, e nada ortodoxo ideologicamente falando, aprendemos a arte de fazer arroz integral como deve ser realmente feito, em panela de ferro. Flávio começou com a dieta de sete dias do arroz, unicamente arroz, e seu pulso quase parou. nós acreditamos que a macrobiótica gerava a saúde ideal física e mental, e assegurava uma longevidade bem-aventurada. depois parei com aquilo, sempre retomando nos momentos mais difíceis da vida. mas havia os ortodoxos, nossos professores sobretudo, que nos ensinavam que a psicanálise era desnecessária, bastando  tomar remédios, e que a carne era indispensável à saúde. o arroz era coisa dos países pobres do Oriente. o ensino era duro, e percebi, com tudo isso , como era difícil fazer opções na vida. 

                                
                                                               

                                             Igor Zanoni

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