terça-feira, 19 de agosto de 2014

Graciliano

quando os sebos vendiam livros baratos e eram estabelecimentos modestos e pouco frequentados, encontrei bem jovem um deles, no final da linha do bonde 10-Castelo, em Campinas, que explorava sempre que tinha algum dinheiro. o dono era quieto, quase surdo  e tranquilo, uma companhia serena que guardava para mim o que já sabia que me interessava. entre as muitas descobertas que fiz lá as mais significativas foram edições antigas de Graciliano Ramos. ainda tenho vários desses livros em casa na minha coleção de Graciliano. eu conhecia Vidas Secas do colégio e na faculdade e, até pela época, se lia muito Memórias do Cárcere, mas agora pude ler romances inesperados  e rudes como Angústia, Insônia e Infância. foi um enorme acontecimento para mim descobrir tanto do que eu mesmo sentia descrito tão precisamente e sem rodeios. passei a ler os livros de madrugada, depois de estudar e encontrava o continente dos homens tristes e sóbrios que gostavam de escrever.


                                                            Igor Zanoni

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