sábado, 16 de agosto de 2014

Stravinsky


conta-se que alguém perguntou a Igor Stravinsky sobre o significado de sua música mas ele respondeu, de modo farsante, que a música não possuía significado, era apenas música. poderia ter lido Merleau-Ponty e entendido melhor o que fazia. mas de qualquer modo não gosto de Stravinsky, até nem posso gostar depois do que disse sobre ele Adorno, em um paralelo com Schomberg no qual também atacava Schostakovitch. li esse texto na Unicamp, na graduação, com o professor Luís Orlandi. foi um pouco estranho o encontro porque pela primeira vez percebi como se levava a sério a então nova música. ora, meu pai se formou na Escola Nacional de Música, no Rio, e jamais ouvi qualquer discussão sobre música em casa exceto as que procuravam evitar que eu comprasse um compacto dos Beatles, que felizmente comprei para ouvir sossegado Something. ocorre ainda que, em 1952, quando nasci, meu pai era o clarinete spalla da Orquestra Sinfônica Brasileira, a qual executava pela primeira vez no Brasil A Sagração da Primavera, considerada a maior peça de Stravinsky, sob regência do grande maestro Eleazar de Carvalho.  é claro que ele teve a ideia de chamar seu primogênito de Igor, mas gostaria muito que naquele ano se tivesse executado uma peça mais significativa para mim e que permitisse hoje chamar-me Wolfgang Amadeus.


                                                 Igor Zanoni

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