conta-se que alguém perguntou a Igor Stravinsky sobre
o significado de sua música mas ele respondeu, de modo farsante, que a música
não possuía significado, era apenas música. poderia ter lido Merleau-Ponty e
entendido melhor o que fazia. mas de qualquer modo não gosto de Stravinsky, até
nem posso gostar depois do que disse sobre ele Adorno, em um paralelo com Schomberg
no qual também atacava Schostakovitch. li esse texto na Unicamp, na graduação,
com o professor Luís Orlandi. foi um pouco estranho o encontro porque pela
primeira vez percebi como se levava a sério a então nova música. ora, meu pai
se formou na Escola Nacional de Música, no Rio, e jamais ouvi qualquer
discussão sobre música em casa exceto as que procuravam evitar que eu comprasse
um compacto dos Beatles, que felizmente comprei para ouvir sossegado Something.
ocorre ainda que, em 1952, quando nasci, meu pai era o clarinete spalla da
Orquestra Sinfônica Brasileira, a qual executava pela primeira vez no Brasil A
Sagração da Primavera, considerada a maior peça de Stravinsky, sob regência do
grande maestro Eleazar de Carvalho. é
claro que ele teve a ideia de chamar seu primogênito de Igor, mas gostaria
muito que naquele ano se tivesse executado uma peça mais significativa para mim
e que permitisse hoje chamar-me Wolfgang Amadeus.
Igor Zanoni
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