segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Educador

o célebre teólogo suíço Karl Barth chamou a atenção em seu último texto para a importância decisiva para a igreja, e cada um dos seus membros, daquele que ocupa o púlpito, muito maior que a do teólogo ou da hierarquia da mesma igreja. o pastor ou o padre está em uma relação próxima, afetiva e cultural, com a congregação, que jamais poderia ser equiparada a de qualquer outro na igreja, e em grande medida condiciona a vida cultural, pessoal e comunitária do leigo. de forma um pouco semelhante, o filósofo Paul Feyerabend disse com ênfase que não há teorias mas educadores, quando se trata do ensino e da compreensão da ciência, pois esta não vive de modo abstrato mas na compreensão e no coração de cada cientista. a importância da educação e do educador renasceu de modo radical com os primeiros pensadores iluministas, como meio por excelência na criação da sociedade que rompia do antigo regime. Rousseau, como sabem todos, foi o principal nome nesse sentido, em especial com o Emílio, ou da Educação. na realidade estes pensadores apontaram para um drama, ou mesmo uma tragédia, que se desenvolve todos os dias nas escolas de todas as sociedades, em cujo centro está a cada vez mais problemática relação entre o professor e o estudante. não apenas o estudante já não pode há muito, ou nunca pôde realmente, ser chamado de “aluno”, o ser sem luz que o professor vai iluminar, como sobre este pesa a observação de Marx, feita no contexto de uma discussão de Rousseau: “ quem educa o educador?” .


                                                                Igor Zanoni

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