sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Feixe


esse campo é nossa casa
feixes que não partem de A para B
e cujos magnetos ignoramos
mas tecem as batidas do coração
e do mundo
diagrama não poderíamos desenhar
névoa entre o céu e a terra
nem ocultando nem revelando
origem e destino
nosso desejo se move aí
oleiro impaciente e tenaz
com seu vaso que um dia não ficará pronto
de argila que nunca possuirá
e compreende com uma mente inquieta
ilusão sem fim
jamais suficiente
jamais tranquila
nunca repouso e encontro
quem sabe possa entrever
entrega abandono
quem sabe possa deixar-se
em um canto da casa sem paredes
olhar os pássaros brancos
a chuva
o milagre dos peixes


                                                    Igor Zanoni

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