lá pelos cinco anos fui com papai ver os aeromodelos que
se apresentavam no Jardim Chapadão, perto de casa, na pracinha circular frente
à Escola de Cadetes. fui atraído por um aviãozinho a motor, metálico, maior que
os outros, e toquei uma de suas asas para melhor senti-lo. ela cedeu com um
amassado feio. não pensei que pudesse me sentir tão mal. não fui repreendido,
mas um pedido de perdão impossível de articular ficou em toda a minha cara. talvez
esta seja a origem de outros momentos de culpa obsessiva que amealhei na vida. sempre
quis um avião daqueles, no máximo pude comprar alguns planadores de balsa, que
eu montava com perícia, sem que o museu das minhas insatisfações ficasse mais
vazio ou tolerável, na cornucópia do mundo que jamais foi generosa com meus
dedos estouvados.
Igor Zanoni
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