quarta-feira, 27 de maio de 2020

Memória velha


Memória velha
Coisas que eu já deveria
Ter dado conta
Para as quais eu poderia sorrir
Com a necessária condescendência
Ou sofrer em um secreto desgosto
Como um homem velho
Que viveu seus tempos difíceis
Mas criou uma defesa
Uma sabedoria sem a qual
É impossível viver
Sustos antigos saltam na noite
Sonhos confusos
Desejos sem sentido
Levanto-me vou cuidar do dia
Do dia que mói com seus dentes
Não, não sou um sábio
Poderia ao menos ser paciente
Não me levar tão a sério
Mas a fórmula dessa quietude
Me escapa

                                                           Igor Zanoni

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