Ele gostava de mim, digamos. Mas batia. Não sei o motivo. O tempo era outro, custou bastante até que a revolta surda dos filhos dentro das casas acabasse com pai batendo em filho, na mulher. Mas ainda acontece. O lar feliz não é um mito? Quantos tiveram isso? Mas no fundo de toda tristeza há ainda amor, amor parece um dever, meu pai gostava de mim, teve sobre mim suas projeções, seu desejo de que eu me criasse engenheiro, me comprava brinquedos, ensinou-me a ler, me levava ao médico, ajudou nos estudos, dava mesada com a qual eu comprava livros e gibis. E eu gostava dele, era uma pessoa forte, atraente. Tudo poderia ter sido melhor, isso que vivemos como um drama confuso.
Igor Zanoni
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