Este livro de Ha Jin (1956- ), de 1999, publicado no Brasil pela Companhia das Letras em 2001, narra a difícil vida amorosa de Lin, um médico que trabalha em um hospital numa pequena cidade chinesa. O tempo do livro vai de finais da década de 60 a finais da década de 80 com a política de reforma e abertura. Lin se casa muito moço ainda no campo com Shuyiu, uma mulher com características tradicionais como ter os pés atados e cuidar zelosamente do seu lar e da filha do casal. Mas Lin ao se mudar para a cidade acaba passando longo tempo fora de casa e se distancia emocionalmente da mulher, passando a se interessar por Manna, uma enfermeira em seu hospital. Lin deseja se casar com Manna mas não consegue se divorciar porque Shuyiu, que permanecera no campo, não consente no divórcio. Manna é também uma pessoa bastante reservada, e ela e o seu namorado sequer se entregam um ao outro. Passam-se assim dezoito anos, tempo exigido pela lei para que o divórcio não necessite do consentimento de Shuyiu. Após o divórcio Manna e Lin se casam afinal, já com certa idade, e Shuyiu consegue permissão para morar também na cidade com a filha. Mas o casamento de Lin não vai bem, apesar de ganhar de Manna dois filhos gêmeos, algo bastante apreciado na cultura da época. Depois disso, Manna adoece do coração e passa a viver uma vida incerta. Um dia Lin visita Shuyiu e sua filhs Hua, embriaga-se e lamenta o fato de que provavelmente em breve ficaria viúvo. Shuyu entretanto promete que cuidaria dele e dos seus filhos e a o seu amor é uma tábua de salvação para a tristeza de Lin. Assim, Lin e Manna esperam dezoito anos para se casar, depois abre-se um novo tempo de espera pelo futuro incerto. O livro mostra uma China bastante convencional em seus costumes, ao mesmo tempo que o convencionalismo de Shuyu é o de uma mulher que nunca deixa de amar seu antigo parceiro, por mais que a vida coloque obstáculos à sua vida comum. Um belo livro, triste e lírico, vale a pena conferir.
Igor Zanoni
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