Irmãos (Shangai, 2005; São Paulo: Companhia das Letras, 2010), de Yu Hua (1960- ) narra as vicissitudes de Li Carequinha e Song Gang, irmãos de criação, desde o período da Revolução Cultural até à época da reforma e abertura de Deng Xiaoping. Sua vida é entrelaçada com a da bela Lin Hong pela qual ambos se apaixonam, e com a qual Song Gang se casa, e com uma miríade de personagens da pequena cidade de Liu. É difícil apresentar um livro tão grande e complexo, mas quero destacar apenas a profunda relação que une esses irmãos e Lin Gong. Se a vida os une e separa reiteradamente nos caminhos do coração, na vida prática também a vida difícil de Song nada tem a ver coma vida exitosa de Li, que se torna um grande empresário e enriquece. Aliás é curioso ver como a China moderna parece criar condições de enriquecimento para qualquer que se disponha a fazer negócios, mesmo começando do mais modesto. Também Lin enriquece quando, depois de Song desparecer no país em busca de negócios, abre um prostibulo de luxo na cidade. O final do livro é a morte de Song e o intento de Li Carequinha de participar de uma viagem interespacial levando as cinzas do irmão, para coloca-la em órbita e fazer com que ele pudesse ver a cada dia dezesseis auroras e dezesseis ocasos. Vale a pena conferir esse livro forte, trágico e cômico, com uma estória que só poderia se passar na China moderna.
Igor Zanoni
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