O primeiro sermão que Buda pregou, após sua iluminação sob a árvore bodhi, foram As Quatro Nobres Verdades. A primeira verdade era: a vida é dukka. Essa palavra sânscrita foi inicialmente traduzida no Ocidente como sofrimento. Assim, pode-se ler que a vida é sofrimento. A tradução se manteve até o século XIX e mesmo começo do XX. Quando Schopenhauer conheceu a seu modo o budismo chegou a escrever um livro chamado O Sofrimento do Mundo, e no clássico A Luz da Ásia, de Edwin Arnold, do final do século XIX, também se diz que a vida é sofrimento. Muitos mestres diziam que a vida é um oceano de sofrimento. Mais contemporaneamente, monges como o vietnamita Thich Nhat Hanh e o brasileiro monge Genshô preferiram dizer: a vida é insatisfatória, amenizando a dramática palavra sofrimento, pois pensam que a vida não é só sofrimento e que o objetivo do budismo é o fim do sofrimento e a busca da alegria. Pessoalmente, lembro que o Buda saiu do palácio e escolheu sua vida errante após conhecer a velhice, a doença e a morte. Acho difícil pensar que Buda as viu como algo insatisfatório e não como sofrimento. Para mim esta é uma questão em aberto.
Igor Zanoni
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