Em 1933 a Itália vivia o início da ditadura de Mussolini, ainda antes da participação do regime na guerra civil espanhola, antes da aliança com Hitler e da expedição à Etiópia. Também vivia a heroica resistência partidária ao ditador, semeada sobretudo pelo anarquismo. Vários atentados a Mussolini haviam ocorrido, como este narrado em “Denário do sonho” (Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1982), livro que Marguerite Yourcenar (1903-1987) publica em 1934 e refaz em 1959, recuperando um contexto histórico como é próprio da autora. Ainda não haviam surgido obras-primas como “Memórias de Adriano” e “A obra em negro”, mas este pequeno volume é precioso na sua tessitura, recompondo os anos doloridos vividos na península. Os vários personagens do livro acham-se entrelaçados em suas relações como se trocassem um denário, pequena moeda de prata de pouco valor que circulava na Itália à época, e seu baixo valor é um símbolo do vazio em que os seres humanos estão encalacrados, sua solidão e sua paixão. Vale conferir, o livro é pequeno, mas uma peça inesquecível.
Igor Zanoni
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