tenho um amigo hoje perto dos cinquenta anos que sempre quis melhorar de vida. como o assalariado em geral ganha pouco, tentou várias formas de empreendedorismo. habilidoso com as mãos, montou marcenaria, mas o custo das máquinas e da madeira, que vinha cada vez de mais longe, inviabilizou o negócio. não se desfez em prantos. vendeu tudo e foi trabalhar como motorista de ônibus. mas antes passou um período com uma Kombi trabalhando como marido de aluguel. não ganhava bem e o negócio oscilava muito. daí se tornou motorista. depois passou a trabalhar como motorista de caminhão, por um salário fixo, fazendo longos trajetos de cá para lá no Brasilzão. conheceu o Pará, ia muito ao Nordeste, ao Rio, Espírito Santo, Porto Alegre. juntou uma grana e comprou dois caminhões. a vocação dele era e é empresarial. começa agora seu novo negócio. sempre calmo, como as pessoas não obsessivas são. no meio do caminho ele, que era batista, voltou para o catolicismo depois de romper com o primeiro casamento. teve várias namoradas e mais tarde se casou de novo, sempre trabalhando. começou a fumar e a beber um pouco depois que se tornou católico, depois parou. sua mulher é outra empreendedora. sempre que a encontro pergunto onde está trabalhando no momento. fez planos para abrir negócio em Tocantins, depois no Rio Grande do Sul, fala bastante, é desembaraçada, como os empreendedores são, pois ganham o jeito comercial de tratar as pessoas. seu marido entrementes operou a vesícula, engordou, emagreceu, criou filhos, deixou muitas saudades á beira do caminho, pensa em ir para o interior, comprou um terreno onde vai construir uma casa em ponta-grossa. nas férias vai até a praia, volta no dia seguinte, quando chega de algum lugar come o que acha e dorme que logo vai ter de fazer outra viagem. os empreendedores são assim, não descansam, o mercado é competitivo, a vida é dura mas eles não se assustam nem pensam que ela poderia ser menos dura.esse é o jeito da madeira.
Igor Zanoni
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