quando toco meu corpo que se fragiliza
com o tempo e com a dor
dos quais tive sempre claro sentimento
lembro uma foto de Picasso idoso
apenas de calção
dançando em seu estúdio
penso que o corpo e a vida
pertencem em sua fibra íntima
à alegria e ao prazer
mesmo que queiramos mudar o mundo
ou nossa cabeça
mesmo que amemos quem não podemos
ou não sabemos
mesmo quando a alegria não parece certa
lembro Goethe que com mais de oitenta anos
apaixonou-se por uma adolescente
lembro Marx viúvo perdido ante o Mediterrâneo
já sem poder contar com o bom combate
ao lado de Jenny von Westphalen
como é torpe a tristeza o desalento
como vivemos em vão
estes tempos idos e vividos
Igor Zanoni
para Demian Castro
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