Tomando sol da tarde no pequenino jardim de roseiras uma jovem senhora segura as mão de um bebê grande sentado em seus joelhos. Perto deles há outra senhora, também jovem, apanhando o mesmo sol no mesmo jardim. As duas serão irmãs ou cunhadas, e o bebê grande é o mais recente membro da família e o mais adulado. Tem olhos azuis num rosto largo, atento a tudo que soa ou se move. Mas a menor inquietude do jardim e do bebê é controlada pelas duas senhoras, de tal forma que o ar é imóvel ao seu redor. Talvez essa quietude convenha mais às duas, que se visitam e repousam em família no domingo de bom tempo. Talvez pensem que ainda não convém ao bebê dar vazão à sua robusta índole. Alguém que suba a rua quieta do domingo, perturbada por vago cheiro de churrasco e um barulho de televisão, ao passar diante da casa com esse jardim, nesse momento feliz da tarde, sente uma quietude adicional. As conversas são ociosas ou inoportunas, não há nenhum objetivo buscado por ninguém aí, exceto o do caminhante que talvez vá á padaria. As duas moças querem apenas sentir-se juntas, com o bebê robusto tomando o sol tão necessário, tudo no quadro é imóvel e, no entanto essa imobilidade tem um fundo antigo, atávico, também tão necessário, imagina-se, ao bebê para que cresça tranquilo.
Igor Zanoni
Gostei Igor!
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