sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Florestan Fernandes


Não vou reproduzir a biografia de Florestan aqui. Apenas direi que foi o maior sociólogo brasileiro, criando com os poucos instrumentos teóricos existentes uma teoria de nossa formação e história social e política. Estudou na primeira turma da faculdade de filosofia da então recém-inventada Universidade de São Paulo, ao lado de Paulo Emílio Salles Gomes, Antonio Cândido, Décio de Almeida Prado e nosso ex-presidente sociólogo FHC. Era pobre, estudou e viveu com dificuldade, começando sua vida como engraxate. Muitas narrativas sobre o período contrastam sua pobreza com a vida de classe média alta de seus colegas, mesmo que lhes tenha dado muitas vezes lições. Morreu na fila do INSS, à espera de um transplante de fígado, recusando um transplante patrocinado por FHC. Poucos conhecem suas idéias, sua obra, sua vida de militante. Mas a todos maravilha sua pobreza, e a altura intelectual a que chegou mesmo sendo pobre. Essa pobreza é sempre realçada, sendo visto não como um de nossos maiores pensadores do Brasil, em uma obra emancipatória e fecunda. Preferiu-se ver nele o pobre. Como se pobre não pudesse ser talentoso, coerente e corajoso. O pobre é um de nossos cacifes políticos e produto de exportação e exploração na mídia. Mas ninguém o leva a sério além disso, dessa manipulação perversa.

                                                 Igor Zanoni

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