no calçadão da rua XV, centro de Curitiba, ao meio dia
abrem-se centenas de pequenos restaurantes que um ticket refeição pode pagar,
destinados a toda essa gente que lota os prédios em milhares de funções.
lojistas, atendentes de call centers, vendedores em todos os ramos do comércio
popular, muitos em financeiras, as moças que trabalham na farmácia, no sacolão e
verduras, nos sebos, nos supermercados, compõem uma classe dos que ganha mil
até mil e quinhentos por mês. um pouco mal vestidos, mas não miseráveis, feios,
deselegantes, um pouco, sem muita escolaridade, sem muito futuro. um futuro
atado ao do país, do seu grosso populacional, não de suas elites que sempre é
lógico irão estar muitíssimo bem. amontoam-se em restaurantes pequenos,
combinam se encontrar, estão conversando, alguns namoram. há restaurantes bem
mais modestos, pela metade do preço, nos quais crianças até três anos não
pagam, e os chineses de todo os tipos. no fundo há as pastelarias com fanta. em
meio ao meio dia há moças mais bem ajeitadas, com óculos escuros, os cabelos
ajeitados, que andam devagar, como se coubessem e não coubessem em Curitiba ao
meio dia no centro. ou moços que vem de empregos nos buracos da prefeitura ou
do estado, essas instituições que nos moem junto com os bancos e os jornais,
com a televisão e outras coisas que sabemos por alto. mas Curitiba se mistura
pouco. é altamente segregada. quando vejo uma moça fora dos padrões, com um
digamos estudado bom gosto, pergunto quantos dentes ela arma ao andar pela rua
XV no calçadão onde também estou.
Igor Zanoni
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