terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Rua XV


no calçadão da rua XV, centro de Curitiba, ao meio dia abrem-se centenas de pequenos restaurantes que um ticket refeição pode pagar, destinados a toda essa gente que lota os prédios em milhares de funções. lojistas, atendentes de call centers, vendedores em todos os ramos do comércio popular, muitos em financeiras, as moças que trabalham na farmácia, no sacolão e verduras, nos sebos, nos supermercados, compõem uma classe dos que ganha mil até mil e quinhentos por mês. um pouco mal vestidos, mas não miseráveis, feios, deselegantes, um pouco, sem muita escolaridade, sem muito futuro. um futuro atado ao do país, do seu grosso populacional, não de suas elites que sempre é lógico irão estar muitíssimo bem. amontoam-se em restaurantes pequenos, combinam se encontrar, estão conversando, alguns namoram. há restaurantes bem mais modestos, pela metade do preço, nos quais crianças até três anos não pagam, e os chineses de todo os tipos. no fundo há as pastelarias com fanta. em meio ao meio dia há moças mais bem ajeitadas, com óculos escuros, os cabelos ajeitados, que andam devagar, como se coubessem e não coubessem em Curitiba ao meio dia no centro. ou moços que vem de empregos nos buracos da prefeitura ou do estado, essas instituições que nos moem junto com os bancos e os jornais, com a televisão e outras coisas que sabemos por alto. mas Curitiba se mistura pouco. é altamente segregada. quando vejo uma moça fora dos padrões, com um digamos estudado bom gosto, pergunto quantos dentes ela arma ao andar pela rua XV no calçadão onde também estou.

                                                           Igor Zanoni

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