Naquele tempo, havendo escuridão no terreno em volta da casa, ao se acender a manga da lamparina de querosene, inumeráveis formas de insetos cobriam as paredes em volta da cozinha aberta para o quintal, e me maravilhavam suas formas e disposição, sua quietude, em tudo obedientes à luz como nós mesmos, em volta da mesa, obedientes ouvíamos o pai falar e nos servíamos do que mamãe preparava. Mais tarde, andando nas ruas da pequena cidade para fugir ao calor e ao tédio, sentíamos as aleluias nos assediarem perto dos raros postes, provocando sempre as costumeiras irritações e reclamações. No verão, mesmo durante o dia as ruas cobriam-se de içás, que os meninos caçavam para as mães torrarem nas frigideiras, iguaria esperada todo ano na dieta monótona, quebrada todavia ainda por talos de erva doce e jatobás enjoativos mas não desprezados. Este era o logos, e mesmo sendo criaturas comuns, como todas as outras no mundo podíamos manifestá-lo.
Igor Zanoni