terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Natal



                                                      Para Adilson Volpi

A quase totalidade dos fiéis, infantilizados em suas igrejas cristãs por padres e pastores, acreditam em um Cristo que nasceu desde o Céu pronto, com um propósito definido que ele conhecia, o de redimir a humanidade de seus pecados. Embora creiam que ele foi ao mesmo tempo um homem, não percebem muito bem que nesta condição ele viveu em um ambiente cultural e religioso denso e polêmico, no qual conviviam diversas visões intelectuais, políticas e sociais, que ele teve de entender estas visões e escolher para si a que melhor convinha para sua própria consciência e valores. Assim, vinculou-se a certas interpretações do cosmos e de Deus, que entendeu criativamente e mesmo para muitos de forma herética e perigosa, a ponto de não lhe restar senão assumir um ideal de auto sacrifício e uma consciência messiânica de si mesmo. Mesmo assim, foi pouco entendido diversas vezes, e mesmo à luz da crença na sua ressurreição e na efusão espiritual que se seguiu, os relatos disponíveis nos evangelhos, em Paulo, nos Hebreus, por exemplo, são notáveis pelas formas como pôde ser compreendido e dar origem a diversas concepções de ação missionária e de futuro do homem e do mundo. Por outro lado, ainda hoje se podem estudar as várias percepções sobre Jesus Cristo de inúmeros teólogos e missionários. Ele foi um ser excepcional e controvertido, sobre o qual cabem poucos dogmas, se é que cabe algum. Nesta condição nasceu para cada um de nós, se somos ou não cristãos, como uma promessa, mas também como um problema, a promessa e o problema de sua e de nossas próprias vidas

                                   Igor Zanoni

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