sábado, 14 de dezembro de 2013

Agradecidos


1
não é necessário ou talvez possível a muitos de nós obrigar-se à fé ao filho de um Deus que trouxe a superação da morte corporal ou à escatologia de uma vitória sobre o mal que concerne a nossas vidas e aos muitos poderes do mundo. não é justo conosco, em nossas muitas dificuldades, a obrigação de superá-las em um espaço da alma que reproduzirá conflitos míticos, no espaço de igrejas sem coração elevando-nos a uma transcendência ineficaz e autoritária. não precisamos de mais um poder em nossas vidas quando precisamos de liberdade e amor verdadeiros, pelo menos da autonomia pessoal ao busca-los, e de fazê-lo com uma alegria genuína e originária. mas não é possível ignorar a vida desse homem, do que disse e fez, de sua inestimável importância e grandeza. ele nos amou, nos elevou, nos indicou dimensões que não conhecíamos, que a humanidade não conhecia. em cada momento de sua vida ele morreu para esse mundo que hoje expira, e ressuscitou na utopia que construiu com sua vida, sua grande perspicácia e as dimensões de fé e tradição de sua cultura. mesmo que essa fé e esperança não nos pertença hoje, a lição da transcendência, da severidade crítica, de busca de apresentar-se aprovado em seu itinerário existencial, é um legado que não podemos ignorar nem tomar sobre o ombro de modo simples e ingênuo, ou curvado sob a culpa. ele não nos trouxe culpas, mas caminhos para a redenção, ainda que não do modo como fomos ensinados e nos sentimos forçados a aceitar sob grandes sofrimentos inúteis e falsas esperanças em instituições e homens indignos de nós.

2
aos que nos amam ou amamos é preciso sobretudo sermos agradecidos.

                                                    Igor Zanoni 

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