Há pessoas desencantadas, que percebem seus limites
pessoais no interior de nossa existência
sempre mais complexa e frustrante. Apesar disso, elas conseguem ser uma ótima
companhia, amorosa e despretensiosa, e às vezes são donas de uma graça que
talvez não percebam como nós mesmos. Sem grandes receitas, sem maiores
pretensões, mas procurando fazer as pequenas coisas que fariam diferença em um mundo
se ele pudesse se salvar de sua mesmice e estupidez. Adoro pessoas assim, como
adoro os filmes de Woody Allen, insistindo sempre na sua tentativa de lidar com
remédios que ele sabe inúteis pelo menos para ele mesmo: tentar crer em uma
transcendência religiosa ou em uma espiritualidade que a psicanálise possa
permitir, ou remediando-se de forma literal quando fica insuportável a vida. Mas
também enfatizando sempre o nó crucial dos relacionamentos: o papel que jogam
neles nossa necessidade de amor e de beleza, e o estrito respeito pelas pessoas
que compartilham nossos dias.
Igor Zanoni
Nenhum comentário:
Postar um comentário