sentado em um banco feito com um tronco de árvore em
frente ao laguinho do parque Bacacheri, pensei se as aves aquáticas que
brincavam ali pensam no futuro. devem pensar, ao seu jeito. quando se tira um
peixe da água ele se bate muito, briga por sua vida. também, quem viveu em um
sítio, sabe como é difícil apanhar uma galinha para incrementar o almoço. mas,
nesta urbe insensata em que as pessoas perdem longo tempo vendo televisão ou
lendo jornais, como pensamos no futuro? carnavalizamos debates cujo teor mal conhecemos, saímos à
rua e brindamos ou cantamos um hino ou defendemos a democracia, ou algo no
sentido contrário e parecido. qualquer
atividade que nos coloque em contato com algo de fato mais próximo de nosso
coração, que nos revele o que chamamos coração, certos ou não, tudo isto não tem
valor. somos um peixe na água, não nos
tirem da água! enquanto estamos aqui tudo está bem, somos felizes e eternos,
nem pensamos em ser ou ter, apenas vivemos no nosso músculo. mas se não somos
peixes, e ainda gostamos de vida e de arte, que dissabor e indiferença nos
esperam nesses tempos sem gosto e sem vitalidade?
Igor Zanoni
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