um amigo jovem que admiro muito observou-me que as
igrejas neopentescostais, apesar de seus pastores afortunados com apartamentos
em Miami e seus representantes no Congresso mais que conservadores, juntam em seus templos uma enorme massa de
despossuídos da população como nenhuma outra instituição faz. ali se congregam
famílias que tentam em meio a mil peripécias se reorganizar para a
sobrevivência econômica e afetiva comum, pessoas que usam crack e querem alguma solução para a sua vida encrencada,
desempregados de mil formatos e gêneros, pobres de todo tipo, subempregados em
todo lugar incapaz de prometer qualquer futuro profissional. antes de se
declarar ateu, ou tentar pensar de modo elitista contra essas igrejas, vale a
pena alguma empatia pelo que ocorre em seu interior. ali vive um grande e pobre
Brasil, com seus pastores que acolhem todo tipo de tribo, fazendo do seu ritual
para nós incompreensível, ou, para muitos, ridículo, um porto para toda
aflição, uma aflição que talvez não seja a sua, mas para a qual você e eu
precisamos também ter compaixão. ali também há uma grande classe média que paga
dízimos sobre dízimos na esperança de permanecer na classe média, ali talvez
esteja seu vizinho ou seu irmão.
Igor Zanoni
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