Os dentes da cólera
os cães de rua sabem quanto são
quem são e quando um falta
veja um deles desaparecer
na sanha assassina do asfalto
quanto choro e ranger de dentes
quanta dor em seus uivos tenebrosos!
mas experimente uma briga com alguém
logo se chega à maledicência
ou às vias de fato
mágoas para sempre
experimente alguém passar mal
no calor de outubro
ninguém oferece ajuda
ninguém pergunta onde mora
experimente perder seu amor
quantas diatribes lançadas em rosto
quanta lembrança de lágrimas passadas
e cobradas uma a uma com juros de agiota
ai de quem sofre! que mal perdedor!
perdas de que? ganhos de que?
lentos se vão os dias amargurados
como fel nos dentes da cólera!
Igor Zanoni
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