segunda-feira, 5 de março de 2012

Fundamentalismo


Certo grau de fundamentalismo deve existir em toda crença, não só religiosa, porque ele pode apoiar a razão e mantê-la funcionando. No catolicismo ele existe mesmo nas suas formas mais racionais e intelectuais, sob o adágio “creio porque é absurdo”. Mas ele não pode  desandar num supersticioso rancor contra outras formas de ver e entender o mundo e o lugar do homem nele. De vez em quando leio teólogos. Nestes últimos dias andei relendo o grande Pietro Ubaldi, espantando-me outra vez com sua disposição em ver como se pode entender a fé usando concepções da física moderna e da biologia. Esse cientificismo não o fez perder a mais tradicional fé na Eucaristia. Ele conciliou tudo  isso com o mais puro franciscano que foi,  naquela tradição que na minha modesta preferência é a corrente que mais admiro no catolicismo. Mesmo o mais humilde, em termos escolares, dos fiéis envolve sua fé em fórmulas e ritos ao mesmo tempo existenciais e, para os outros, pouco inteligíveis. Conheci uma moça que se chamava Macedônia, porque seu pai, procurando um nome sacro para a mais nova filha, abriu o livro de Atos e leu quando Paulo não sabia o rumo a tomar e em sonhos um anjo indicou: “Passa à Macedônia”. Ela se ria do seu nome, mas respeitava a fé dos seus pais. No início dos antibióticos, a nova maravilha fez muita gente salva nos primeiros dias por eles ganhar nome de remédio, às vezes complicados. Meu pai mesmo deu ao seu segundo filho o nome de Alexander, em homenagem a Fleming. São orientações da vida, que servem para guarda-la, tomara que não a ponham a perder.

                                                     Igor Zanoni  



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