sexta-feira, 2 de março de 2012

Vizinho


Eu tenho um vizinho exemplar. Era bancário do Bamerindus, formado em contabilidade, pegou um PDV com a compra do banco pelo HSBC, quitou a casa e pegou umas aulas como bico na FAE, uma escola privada de economia e negócios. Na FAE ele aceitou fazer um mestrado de final de semana em outra faculdade privada em Santa Catarina, que emendou com o doutorado. Depois houve diversos problemas internos no trabalho e ele pegou umas aulas na PUCC, no departamento de Economia. Trabalhou muito, um exemplo para os colegas, numa escola que paga pouco e exige muito. Ele e sua mulher não podiam ter filhos, mas com esforço e paciência fez um longo tratamento e ganharam uma filha significativamente chamada Victória, hoje com 14 anos. Depois veio o Breno, com seis anos atualmente. Aumentou seu trabalho e sua renda dando consultoria na Associação Comercial e sempre militou no Conselho Regional de Economia, ganhando visibilidade. Acabou convidado para ser o novo chefe de departamento de economia na PUCC. Trocou o carro velho por um Vectra novinho, depois comprou um Renault enorme. Nos finais de semana vão aos cultos na igreja batista do bairro. E os feriados e férias propriamente ditas passam em um apartamento comprado na praia, em Caiobá.  Tudo isso faria dele um herói para mim, pois fez muitas coisas que eu não faria por faltar-me gosto e estômago. Mas o que me impressiona no miúdo do cotidiano é vê-lo estacionar os dois carros na garagem pequena do sobrado no nosso condomínio. Além de tudo, ele dirige bem, não bate o carro, não bebe, é controlado e está casado já há uns vinte e cinco anos com a mesma mulher, que cuida de tudo para que o guerreiro lute e descanse depois. Que paciência a dos dois!


                                                                    Igor Zanoni
                                                       

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