domingo, 15 de junho de 2014

D'us

o Senhor gosta de se ocultar de nós, mesmo seu nome não conhecemos e o modo como o referimos não pronunciamos. para nós Ele só pode ser o absolutamente Outro. e isto é o que nos convém, para que possamos ter desde logo a percepção de que seja o que façamos por nós, pelos outros, pela maquinaria insensata do mundo, nunca será bastante, não será o que precisa ser feito, e não chegaremos longe filosofando sobre o mundo ou tentando transformá-lo. se formos demasiado autoconfiantes ergueremos nova e ridícula, infinda Torre de Babel. qual é nossa existência, o que nos cabe nela senão alienação e trabalho vaidoso que enchem bibliotecas da Babilônia? quando percebemos esta alteridade cessamos de nos justificar, de argumentar, de mudar nossa sorte. o Senhor não está disponível para nossas razões e apelos. Ele é indisponível para nós quando o buscamos dessa forma, muito mais quando pensamos ser possível ignorá-lo ou fugir de sua vontade. nosso trabalho importa mas como índice de nossa insuficiência, da nossa arrogância, se ele não levar em conta como importa antes a sua Graça.


                                                                          Igor Zanoni

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